Capitão da PM preso em megaoperação na Bahia é investigado por venda ilegal de armas
Operação contra facção criminosa prende 46 pessoas na Bahia e mais 5 estados O capitão da Polícia Militar da Bahia (PM-BA) Mauro Grunfeld, preso na quinta...
Operação contra facção criminosa prende 46 pessoas na Bahia e mais 5 estados O capitão da Polícia Militar da Bahia (PM-BA) Mauro Grunfeld, preso na quinta-feira (11) durante a megaoperação contra um grupo criminoso especializado em tráfico de drogas, já havia sido alvo de outras investigações. Em 2024, ele foi preso em uma operação contra a compra e venda ilegal de armas em Salvador. À época, a Polícia Federal (PF) indicou que o esquema abastecia facções criminosas na Bahia. Dessa vez, Grunfeld é suspeito também de crimes patrimoniais, lavagem de dinheiro e disputa de territórios. Além dele, outras 45 pessoas foram presas no âmbito da "Megaoperação Zimmer", deflagrada pela Polícia Civil. À TV Bahia, a defesa do capitão disse que ainda não teve acesso ao processo sobre a nova prisão. (Veja o posicionamento ao final do texto) De acordo com o diretor do Departamento Especializado de Investigações Criminais (Deic), Thomas Goldino, os presos têm ligação com tráfico internacional de drogas. "Algumas pessoas presas em São Paulo confessaram que levariam drogas para Paris, na França. O grupo criminoso também praticava lavagem de dinheiro, utilizando laranjas e proprietários de pequenos comércios, como uma sorveteria, uma bomboniere e uma loja de água. Havia ainda envolvidos ligados a empresas fantasmas e pessoas que forneciam seus nomes para fraudes, inclusive beneficiários de programas sociais que movimentaram entre um e dois milhões de reais", explicou. 📲 Clique aqui e entre no grupo do WhatsApp do g1 Bahia Relembre as investigações contra o capitão Mauro Grunfeld foi preso pela primeira vez no dia 21 de maio de 2024, quando um esquema multimilionário de compra e venda de armas ilegais por PMs, comerciantes e CACs (Colecionadores, Atiradores Desportivos e Caçadores) foi alvo da Polícia Federal (PF) na Bahia. Ele era suspeito de participar do esquema criminoso da organização batizada como "Honda". A "Operação Fogo Amigo" desvendou a ação do grupo e terminou com a prisão de 19 pessoas, dez delas militares. Conforme a PF, os agentes presos eram responsáveis por apreender os armamentos durante abordagens e não os apresentar às delegacias. Essas armas eram vendidas para facções criminosas. Além disso, o capitão da PM era suspeito de participar de um esquema de venda de armas novas por meio de laranjas. As investigações apontaram que Grunfeld vendia 10 mil munições ilegais por mês. O capitão da Policia Militar Mauro Grunfeld é um dos alvos presos Reprodução/Redes sociais Para a PF, o envolvimento dele no esquema foi demonstrado por meio de conversas em aplicativos de mensagens. As informações foram interceptadas pela Polícia Federal, em investigação conjunta com o Ministério Público do Estado (MP-BA). De acordo com a apuração conduzida pelo Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco) de Investigações Criminais Norte e das Promotorias Criminais da Comarca de Juazeiro, o capitão era um "contumaz negociador de armas e munições". Grunfeld foi descrito como o principal remetente de dinheiro para Gleybson Calado do Nascimento, também policial militar da Bahia e apontado como um dos maiores operadores do esquema que movimentou quase R$ 10 milhões entre 2021 e 2023. Um documento sigiloso, obtido pela TV Bahia no ano passado, aponta que entre 18 de fevereiro de 2021 e 13 de fevereiro de 2022, o capitão transferiu R$ 87.330,00 para Nascimento. Os diálogos entre os dois, anexados no documento, indicavam a existência da comercialização de armas de fogo e munições, mediante transferências de altas quantias. Gleybson Calado do Nascimento, suspeito de atuar como um dos principais operadores do esquema Imagem obtida pela TV Bahia Na época, a defesa de Grunfeld negou as acusações e alegou que as armas eram compradas para uso pessoal. No dia 17 de julho de 2024, o capitão da PM foi solto e passou a responder pelas acusações em liberdade. Segunda prisão por tráfico de armas Entretanto, dez dias após a soltura, Mauro Grunfeld foi preso novamente, em Salvador. A prisão preventiva cumpriu um novo decreto da Justiça, determinado após um pedido do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas e Investigações Criminais (Gaeco). Na ocasião, a Justiça entendeu, após analisar o recurso, que as circunstâncias que levaram à primeira prisão preventiva do capitão da PM não haviam mudado. Cerca de um ano depois, Mauro voltou a ser solto após a Justiça entender que não havia mais riscos de que ele atrapalhasse as investigações ou destruísse provas. O juiz à frente do caso argumentou que a maioria dos elementos da apuração já havia sido colhida, inclusive, por meio de cooperação internacional. Além disso, analisou que a prisão preventiva deve ser uma medida excepcional e que, no caso, podia ser substituída por outras restrições. Com isso, Mauro passou a responder o processo em liberdade, mediante o cumprimento de medidas cautelares como a entrega do passaporte, proibição de contato com outros investigados e obrigação de comparecimento regular à Justiça. Nova prisão Mauro Grunfeld voltou a ser preso na quinta-feira (11), durante a megaoperação Zimmer, cujo objetivo era cumprir mandados de prisão contra suspeitos de integrar um grupo criminoso especializado em tráfico de drogas, crimes patrimoniais, lavagem de dinheiro e disputa de territórios. Além dele, outras 45 pessoas foram presas em cidades da Bahia e outros cinco estados. Em Salvador, a operação aconteceu nos bairros da Graça, Engomadeira, São Marcos e Stella Maris. Conforme a polícia: 23 suspeitos foram presos na capital baiana; 04 em Porto Seguro; 02 em Feira de Santana; 01 em Lauro de Freitas; 01 em Camaçari; 01 em Eunápolis. Também ocorreram prisões em outros estados e a Justiça autorizou o bloqueio de R$ 100 milhões, além do sequestro de bens dos investigados. À TV Bahia, a defesa do capitão da PM afirmou que não teve acesso ao processo sobre a nova prisão. "Não temos acesso ainda. Eu acompanhei ele hoje aqui na delegacia e o orientei, óbvio, no interrogatório, a não falar, até porque a gente não sabe as acusações. Que esse acesso seja ofertado o mais breve possível para que, na audiência de custódia, a defesa possa estar arguindo o que é de direito para restabelecer a liberdade", afirmou o advogado Marcus Rodrigues. Ostentação nas redes sociais Mauro Grunfeld é ex-subcomandante da 41ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM), unidade responsável pela região do Garcia e Federação, bairros de Salvador. Na época da sua primeira prisão, Grunfeld já tinha 17 anos de atuação na PM e chegou a ser condecorado pela corporação como "policial militar padrão do ano de 2023" pelo "fiel desempenho nos serviços prestados". Ele recebia um salário fixo de R$ 8 mil e chegou a declarar ser dono de um apartamento, de aproximadamente R$ 700 mil. Apesar disso, o PM ostentava uma vida luxuosa nas redes sociais, como fotos em iates, passeios em restaurantes caros e viagens a destinos turísticos badalados, como a Ilha de San Andrés, na Colômbia. Capitão da PM exibia fotos em iates, passeios em restaurantes caros e viagens. Reprodução/Redes sociais RELEMBRE: Megaoperação prende 46 pessoas na BA e em outros 5 estados por tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e disputa de territórios Justiça torna réu homem que confessou ter matado mulher trans com 'mata-leão' na Bahia Trator agrícola avaliado em R$ 295 mil é furtado e recuperado após três dias no interior da Bahia Veja mais notícias do estado no g1 Bahia. Assista aos vídeos do g1 e TV Bahia 💻